quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

a propósito.

Eu queria muito escrever um post. Um post como deve de ser. Mas a propósito desta semana e a propósito do efémero, falta-me a elasticidade dos dedos sobre a cruzada das palavras. A minha vontade é por si mesma francesa, aprendi-a algures entre um tempo que desconheço e já esqueci porventura a assiduidade dos verbos e da sua acentuação. A propósito do tempo. E a propósito da mudança. Entre efemeridades. As Mansfield vêm socorrer-nos de mordomia nestes dias acavalados em horas de Sol a mais. A maior parte das vezes não lhes reconheço o significado das letras, o que as torna menos decifráveis e mais imprescindíveis de ouvir. A beleza com que se confunde o regozijo daquela angústia miudinha, ou a simplicidade gasta entre a voz que rasga a corda e o nó. As Mansfield e a prescrição diurna de cidades-masmorras e vontades cansadas. E o efémero. Porque nada dura a não ser a vontade equinocial das estações. Não sei quem nos lê, tampouco importa. Não sei quem as ouve, será que importa? Antes de finalizar o post – recusando-me e acusando-me de melodramas dúbios, núbios e tíbios - depois de esclarecer que aprendi que nada rima com a palavra cinza - gostava de cometer uma proeza. A proeza de cair abruptamente e ininterruptamente, perpétuamente, em jeito de dinastia domingueira, ostentando os meus fatos de treino no passeio ao supermercado, depois de passear de mão dada com os nós dos dedos modestos de rugas, meses e histórias que não hei-de contar, fracturada e atravessada por uma pele nova que não a minha, a proeza de me distinguir do efémero num ensaio de amor que dure o que o tempo não pode engolir de tronco farto. E termino, em jeito íntimo de diário binário. Ansiando atopicamente necessidades enclausuradas em pequenas efemeridades, pois tá claro.


2 comentários:

  1. A propósito do efémero. Tudo acaba sempre por aparecer. As rimas, os nós dos dedos, o tempo. E as Mansfield tendem a aguçar essa queda abrupta e interrupta na dinastia domingueira. Tens é de mudar de música.

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  2. já viste a trabalheira que é levantar-me e ir mudar o disco? o problema do efémero não é o 'aparecer'. é a inevitabilidade do resto.

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