os tempos não estão particularmente prazenteiros. o frio ainda não foi de vez e há no ar uma urgência qualquer. aproxima-se a primavera mas diferenças substanciais não se vislumbram. aspiremos à chegada do verão com a alegria genuína com que se espera a chegada de coisas promissoras. o clima será mais convidativo e passaremos mais tempo na rua, sobretudo à noite. as horas a passar não se compadecem de nós e à volta não se vê futuro. a promessa é parca, em geral. dinheiro continuará a não haver. queimemos os cartuchos que sobram na história do bairro alto. morrerá. uma das muitas baixas do momento actual. os jovens endividados, de sonhos rasgados contemplarão longamente as lâminas que usarão para se barbear de manhã, antes de sairem. para onde? para onde se dirigem as pessoas afinal? saberão da falta de sentido dos gestos que desenham no ar? que da vida depois de vivida só resta ar. dizem-nos que há que aguentar, para quê ninguém sabe ao certo. parece que cada um tem que se inventar uma razão que tenha a validade de um. que seja válida só para si. individual é tudo. não é preciso chamarem-nos a atenção para isso. ninguém se compadece de nós. não há comunidade. globalidade é só fachada. a aproximação, o mundo todo condensado numa massa homogénea, mas no fim todos sozinhos, cada um por si, como sempre foi. algures num quarto na califórnia, um puto passa os dias em casa a fazer música. em frente ao computador. tem 24 anos, esperança nenhuma. eu própria não tive uma boa semana.
there's a hole in my headi won't make it to 25there's a hole in my chestbig enough to fill the seae tu, como estás tu?
wavves -
bored ep (2009)