Mostrando postagens com marcador caleidoscópio. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador caleidoscópio. Mostrar todas as postagens

domingo, 25 de janeiro de 2009

farewell.


the tiny tornadoes - your life is a
kaleidoscope
colhias o vestido com a cor eclipsada num obumbrar de luz, as sombras ziguezagueando entre as cortinas de metal e a ponta do vidro na teima da ferida. a procissão da pele deixada ao acaso sobre a cadeira, o couro incendiado num corrimão de papelão. todo aquele amor encerrado num olhar onde a boca se silencia em quartos de luz. os olhos varridos de intenção, a memória crepusculizada entre o amarelo crespo de pérolas e gemas. eu olho-te. sem cores sazonais ou pedras esterilizadas de mar. eu olho-te. sem cristais limados ou canais de água raiados de espuma. olho-te por entre o fio que derramas sem que os lábios te denunciem uma única palavra. eu olho-te por olhar. o vestido içado entre as presas dos ombros, o arcabouço do peito hirto e calado. as pernas esticadas em cruz, os braços levados ao céu. e ris, como se o mundo se osculasse numa concha aberta à maré da íris, e ris como se o mundo se derreasse de formas poligonais e circunstanciais. e eu rio, porque não há ternura mais bonita que o lugar do teu sorriso nos olhos de uma criança que vê as estrelas pela primeira vez.

sábado, 24 de janeiro de 2009

monóculo-espiral

Alheias à dor passam por nós
As psicadélicas estantes do supermercado
A alta velocidade
Uma paisagem inexistente
Do lado de lá dos limites
De um vidro
Ao pé do vinho
Um efeito curioso faz com que tudo à minha volta
Comece subitamente
A girar
As embalagens forçam o diálogo
Explodem as marcas dos rótulos
Desamparadas caiem estilizadas
As letras ao chão
As frutas batem-se ao acaso
No cestos
Usando como arma de arremesso
As suas próprias cores
Em movimento no ar
Um novelo compacto de indefinição cromática

A luz é um cadeado
Presa lá dentro a chave

As pessoas saiem das rotas e vêm em bloco
Tropeçar em mim
Os olhos baços dos outros coelhos
Os esventrados
Fitam um horizonte invisivel
Olá?
A infância revivida em dois segundos
Poscedentes
Fluorescentes as lâminas de
Cadáveres de peixes
Rodeados de sol
Estou em lado nenhum
Estou sozinha

Se sempre estive não consigo provar que não

Um cartaz garante-me que o preço do pão
Não
Aumenta?
Alguém tira uma cartola de dentro do peito
Oiço dizer que o messias chegou
E é preto
Tantos séculos de espera depois
Uma boca ri
Vários risos embocam
A loucura da esperança
O espalhafato do impossível
Tornado circo
Cobertura televisiva
Inter-planetária
O niilismo é a melhor verdade absoluta
É.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

um dia tão bonito e eu.




«i don't wanna be a spaghetti.»

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

will it be just like I'm dreaming?



Sempre vi por menos, onde por mais me abnego.

«no one should call you a dreamer»

Introducing



Quando me predispus a escrever sobre este álbum ou, melhor ainda, a inaugurar a loja a escrever sobre este álbum, ainda não o tinha ouvido. Achei logo à partida que devia ser bom, que isso era um dado adquirido e que assim não arriscava mais. Para além disso, o pecado capital de que padeço foi metido ao barulho e, desta forma, só tinha de me preocupar em escrever sobre ele em vez de ter que me preocupar com encontrar um sobre o qual escrever.

A responsabilidade é grande. Apresento-me, apresento-nos e apresento-os (ao blog e ao álbum no blog). E oportunamente informo, to whom it may concern, de que é assim que isto vai funcionar desta segunda-feira em diante. Há um álbum escolhido por uma de nós. Há algo escrito por uma de nós directamente relacionado com esse álbum – não necessariamente uma crítica, no sentido lato do termo – e dessa ‘avaliação’, ‘degustação’ ou ‘whatever’ sairá uma palavra-mais-ou-menos-chave. E é dessa palavra-mais-ou-menos-chave que nascerão os posts seguintes, que aparecerão em *pop-pop* (pipoca a saltar no tacho) durante o resto da semana. Semana nova? Álbum novo. And then again. E sempre assim. Até correr mal. Coff.

Estes gajos são impressionantes. Sétimo álbum da sua discografia, Merriweather Post Pavilion, ameaça a aproximação cada vez mais feliz dos Animal Collective à pop. Este é, até à data, o conjunto de canções-mais-canções destes gajos. Ou o conjunto de canções com mais canções-canções. É de festa e de pulinhos, psicadelismo e de momentos 'space-intro', como alguém já chamou (ou se não, fui eu a primeira, e ficou chamado) que este álbum é constituído. Desde o épico inicial 'In The Flowers' passando por 'Daily Routine' que parece um caleidoscópio sonoro a rodar a alta velocidade com momentos de espanto a pausar a vertigem, ou como afinal a rotina diária das gentes pode encontrar correspondência simbólica, aqui. Os Animal Collective são capazes de agradar aos mais variados gostos e é isso que é fixe neles. Outra coisa que admiro e que, neste álbum, encontra representação através da 'No More Runnin'' (já antes tinha feito da 'Banshee Beat' do álbum Feels de 2005, o meu momento 'contemplação-wow' diário) é a capacidade que têm de convencer quando se propõem a psicadelar mais... calmamente. O refrão desta é puro deleite. E, é claro, a identificação com o que eles dizem nas canções às vezes acaba por fazer o resto:

"no more runnin says my mind
all this movement has just proved
your kisses are too fine
it's what i hoped for"


Audível ali em cima, à direita. (Edit: Agora já não.)
Cheers.